O que é o sahajôli?
O vocabulário clássico para o trabalho da musculatura do pavimento pélvico (MPP) é Sahajôli, proveniente do tamil, língua falada no estado de Tamil Nadul, sul da Índia e no Sri Lanka, onde ainda vivem descendentes da cultura dravídica de onde surgiu o Tantra e o Yoga Kudalini.
Um pouco mais tarde, surge a palavra Pham-pour, também ela originará do tamil e que significa "sugar" dando origem às palavras pompoar em português e pompoir em francês.
Esta técnica milenar permite o fortalecimento dos músculos da pélvis e do períneo levando ao domínio dos músculos circunvaginais. Nas mulheres, os músculos do soalho pélvico são frequentemente lesados durante o parto natural (ruptura do períneo) e perdem ainda mais força com o descréscimo dos níveis hormonais na menopausa.
Assim, a técnica de sahajôli ajuda à prevenção de patologias e minimiza os seus efeitos, tais como, a incontinência urinária, o prolapso da bexiga e do útero. Para além disso, permitir adquirir uma vivência sexual plena pela unicidade do corpo e da mente. Esta técnica outrora ensinada de mãe para filha, é parte da condição de mulher!
Pelo seu bem-estar e pela sua saúde recupere o que a Mãe natureza lhe ofereceu! Cuide de si de forma preventiva em busca de uma vida cheia de saúde e confiança!
Porque é importante o sahajôli para a saúde da mulher?
Há muito que se pretende desenvolver uma medida simples e efectiva para o tratamento não cirúrgico das consequências do enfraquecimento da musculatura do pavimento pélvico (MPP) e a prevenção para o seu desenvolvimento.
O resgate das técnicas de sahajôli surge no contexto da evolução das terapias não evasivas de recuperação da (MPP) como um “avanço” importante nos cuidados de saúde da mulher. Harnold Kegel (médico ginecologista, autor dos exercícios Kegel) apropriou-se de algumas das técnicas de sahajôli trazendo uma melhoria na qualidade de vida de muitas mulheres.
Este exercícios são insuficientes, por uma razão: o MPP é constituída por músculos e assim sendo, e recorrendo às técnicas de sahajôli, a sua recuperação e fortalecimento será mais rápida se aumentarmos a carga. Quando fazemos exercício com pesos obtemos maior ganho de força e em menor espaço de tempo do que se efectuarmos apenas exercício sem pesos. O mesmo acontece com a musculatura do soalho pélvico.
Apropriando-se desta técnica, surgem no mercado acessórios de terapia como os cones vaginais da Ladysystem, o colar tailandês, as bolas ben-wan, com diversos e variados pesos. Testados clinicamente e amplamente demonstrada a sua eficácia na redução da incontinência urinária de esforço, na recuperação de prolapsos e na melhoria da sensibilidade sexual.
O pavimento pélvico constitui-se num conjunto de músculos que suportam a parte baixa do abdómen, um arco protector de apoio para ao principais órgãos do abdómen inferior (bexiga, recto/intestino inferior, útero) e, através do qual, passam os seus condutores de saída para o exterior (a uretra, a vagina e o recto). Para que estes órgãos funcionem correctamente a MPP deve estar sã e forte. Manter um bom tono muscular interno é fundamental para a saúde da mulher ao longo da sua vida.
Com uma prática diária de cerca de duas vezes por dia, durante 15 minutos cada sessão, sentirá uma melhoria no tono muscular após a 2 ou 3 semanas. A maioria das mulheres recupera a força da MPP após 6 semanas a 3 meses.
No pós-parto, com a utilização da técnica Pham-pour, pode-se prevenir a presença de transtornos importantes, e no caso de patologia já instaurada (incontinência urinária de esforço, prolapsos moderados), evitar a cirurgia em casos muito graves ou melhorar os seus resultados. Com a reabilitação pretende-se que a mulher perceba e integre a MPP dentro do seu esquema corporal para recuperar gradualmente a sua tonicidade. Se não fez nenhuma terapia após o parto é igualmente útil que o faça a qualquer altura. Mesmo que a evolução seja mais lenta é fundamental para a melhoria e prevenção dos efeitos e das consequências da MPP enfraquecida. Para a recuperação pós-parto existem várias técnicas de reabilitação das quais se destacam os cones e/ou pesos vaginais, para realizar exercícios para o períneo e do esfíncter com o objectivo de reforçar e tonificar a MPP. Nos casos de incontinência urinária de esforço e dos prolapsos, é possível aplicar as mesmas técnicas de reabilitação e somente como último recurso para os dois casos, a cirurgia.
A técnica de sahajôli permite à mulher redescobrir a sua sexualidade, tornando-se capaz de controlar o seu orgasmo e o do parceiro. Contudo, não é necessário ter-se um parceiro para que esta técnica seja proveitosa para a mulher. Além de todos os benefícios a nível da saúde fisiológica, redescobrirá novas sensações de prazer.
Factores que debilitam e agravam o deterioramento da musculatura pélvica
Existem variadas razões para o enfraquecimento da musculatura do pavimento pélvico (MPP), sendo algumas delas listadas de seguida:
Herdabilidade (genética)
Quase duas em cada 10 mulheres têm uma debilidade inata da MPP. Por isso é importante avaliar o seu estado ainda que não existam outras causas de enfraquecimento.
Gravidez e Parto
A gravidez e o parto são as principais causas e factores de risco de enfraquecimento da MPP. Na gravidez, o maior peso intra-abdominal pressiona significativamente a MPP distendendo-a e debilitando-a, chegando ao máximo no momento do parto natural, quando o bébé passa através dela. O enfraquecimento agrava-se ainda mais após uma episiotomia (incisão efectuada na região do períneo - área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto e prevenir que ocorra um rasgamento irregular durante a passagem do bébé. Outros factores, são o peso do bébé, o perímetro craniano do bébé, o aumento de peso da grávida e se já fez mais que um parto.
Por vezes, os efeitos de enfraquecimento da MPP aparecem muitos anos depois do parto. Não se deve realizar exercícios abdominais prematuros a fim de recuperar a silhueta, até que a MPP esteja recuperada.
Práticas Desportivas
Os desportos com alto impacto (aeróbica, ténis, corrida, saltos, entre outros) aumentam a pressão intra-abdominal e debilitam o tono da MPP. Entre jovens (inclusive sem filhos) que praticam estes desportos, 6 em cada 10 sofrem de incontinência urinária de esforço.
Menopausa
As mudanças hormonais da Menopausa (especialmente o decréscimo de estrogénio) pode produzir uma perda da flexibilidade da MPP e a presença dos efeitos do seu enfraquecimento como a incontinência urinária de esforço. Com a idade, a MPP enfraquece naturalmente, ainda que se mantenha uma excelente forma física a nível dos outros grandes grupos musculares. O exercício que visa o condicionamento físico bem como a prática desportiva não reforça a MPP. Torna-se necessária uma terapia específica com a ajuda de acessórios ou cones vaginais.
Hábitos quotidianos e outros factores
Alguns hábitos e outros factores que danificam a MPP são: reter muito tempo a urina, consumir em excesso alguns alimentos e bebidas, vestir roupas muito apertadas, a obesidade, a obstipação, tocar instrumentos de sopro, ou cantar, entre muitas outras actividades.
Uma MPP enfraquecida leva a curto, médio ou longo prazo a:
Incontinência Urinária de Esforço
A perda de uma quantidade variável de urina depois de um aumento repentino da pressão intra-abdominal que sucede quando se realiza um esforço como tossir, espirrar, rir, ou simplesmente saltar, dançar ou andar. Prejudica em muito a vida social da mulher reduzindo as suas actividades e afectando a sua auto-confiança e a sua auto-estima.
Prolapsos, transtornos graves que requerem a intervenção cirúrgica
Prolapso uterino, da bexiga (cistocele) e do recto (rectocele).
Redução da sensibilidade sexual e perda de qualidade nas relações sexuais
Provocadas pela flacidez vaginal e debilidade da MPP.
"Dir-se-á, e é verdade, que a medicina popular não tem uma concepção biológica do corpo. Mas, pensando bem, no quadro das relações e interacções humanas o corpo aparece bem mais como objecto motivador e sedutor, como objecto de selectividade e de representação, que como realidade biológica. No fim de contas, «o corpo é, talvez, aquilo que de menos biológico possuímos»." Valentim Rodrigues Alferes, «0 Corpo:Regularidades Discursivas ...», pág. 217