"Dir-se-á, e é verdade, que a medicina popular não tem uma concepção biológica do corpo. Mas, pensando bem, no quadro das relações e interacções humanas o corpo aparece bem mais como objecto motivador e sedutor, como objecto de selectividade e de representação, que como realidade biológica. No fim de contas, «o corpo é, talvez, aquilo que de menos biológico possuímos»." Valentim Rodrigues Alferes, «0 Corpo:Regularidades Discursivas ...», pág. 217

A técnica de sahajôli e todo o universo que a envolve é extremamente complexo.
Redescoberto nos nossos dias é “vendido” como um remédio milagroso para uma performance sexual que agradará a todos. Como ingrediente básico e eficaz para a sensualidade feminina e como temática de cursos de técnicas sensuais e erotizantes.

De facto, esta é uma visão muito redutora do que o sahajôli pode fazer por cada mulher. Ele é-nos natural. É uma ferramenta que a mãe natureza nos ofertou, para que possamos ter uma vida repleta de saúde e prazer. Está dentro de nós, e é nosso de uma forma tão natural como a capacidade de mexer os braços ou as pernas.

Jamais a actividade sexual deverá ser vista como simplesmente um acto físico e fisiológico, numa banalização desastrosa e usurpadora da essência humana. Tão pouco o sahajôli como uma “arma secreta” para conquistar a predilecção masculina; ou uma espécie de banha da cobra para todos os problemas que acometem as mulheres.

Quaisquer problemas de saúde, e claro os problemas sexuais de origem física e psicológica estão incluídos, deverão ser acompanhados por médicos especializados nessas áreas da saúde. A técnica de pompoarismo poderá ser adjuvante de várias situações patológicas mas estas só podem ser avaliadas por médicos.

As más representações do feminino, numa sociedade ainda marcadamente machista, relegam o mundo dos prazeres para o universo masculino. Para praticar o pompoarismo não precisa de ter um parceiro e nem ser heterossexual. Esta é uma técnica para si e não para numa primeira linha provocar “sensações erotizantes e únicas no sexo do seu parceiro”. Este tipo de discurso encobre a verdadeira essência do amor, da sexualidade, do cuidar de si para si, do seu amor-próprio e da sua autonomia sexual enquanto mulher livre e única.

Pratique o sahajôli pela sua saúde e pela sua felicidade e certamente fará todos aqueles que ama muito mais felizes!

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